terça-feira, 10 de março de 2015

Anjos - Sublime profissão

"Ana foi renovar a sua carta de condução. Pediram-lhe para informar qual era a sua profissão. Ela hesitou, sem saber bem como se classificar -"O que eu pergunto é se tem um trabalho", insistiu o funcionário. -" Claro que tenho um trabalho", exclamou Ana. -"Sou mãe". -"Nós não consideramos 'mãe' um trabalho. Vou colocar Dona de casa", disse o funcionário friamente.

Não voltei a lembrar-me desta história até ao dia em que me encontrei em situação idêntica... A pessoa que me atendeu era obviamente uma funcionária de carreira, segura, eficiente, dona de um título sonante. -"Qual é a sua ocupação?" Perguntou. Não sei o que me fez dizer isto; as palavras simplesmente saltaram-me da boca para fora: -"Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas." A funcionária fez uma pausa, a caneta de tinta permanente a apontar para o ar e olhou-me como quem diz que não ouviu bem... Eu repeti pausadamente,enfatizando as palavras mais significativas. Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta, no questionário oficial. Posso perguntar", disse-me ela com novo interesse, "o que faz exactamente?" Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouvi-me responder: -"Desenvolvo um programa a longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e no campo (normalmente eu teria dito dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipe (a minha família) e já recebi quatro projetos (todas meninas). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda???), o grau de exigência é em nível de 14 horas por dia (para não dizer 24 horas). Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária que acabou de preencher o formulário, se levantou e pessoalmente foi abrir-me a porta. Quando cheguei a casa, com o título da minha carreira erguido, fui recebida pela minha equipe: - uma com 13 anos, outra com 7 e outra com 3. Do andar de cima, pude ouvir o meu mais recente projeto (um bebé de seis meses), a testar uma nova tonalidade de voz. Senti-me triunfante. Maternidade... que carreira gloriosa! Assim, as avós deviam ser chamadas "Doutora-Sénior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas". As bisavós: "Doutora- Executiva-Sénior". E as tias: "Doutora - Assistente".
Desconheço o Autor

7 comentários:

  1. kkkk...muito legal!

    Dedicação em período integral e muitos momentos de ...felicidade!

    Amor infinito!!

    beijinhos, Verena e amiguinhos, tenham uma boa noite!

    Lígia e =^.^=

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  2. Muito boa esta profissão e fico a imaginar a cara da inquisitora,kkk

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  3. Profissão boa e nunca nos aposentamos dela!! bjs,chica

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  4. Essa é a profissão mais dignificante,e como diz a Chica,nunca nos aposentamos dela.
    Lindo texto amiga Verena.
    Bjs-Carmen Lúcia.

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  5. Parece que só algumas profissões tem (aquele destaque), e esquecem de tantas outras tão importantes, pois sem elas o mundo não seria o que é hj.

    bjokas =)

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  6. A Chica tem razão.
    Boa e bela profissão sem aposentação.

    Beijinhos.

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  7. BOA NOITE, COLEGUINHAS!
    PROFISSÃO LINDA E SINGULAR. BELO TEXTO. :)
    COLEGA VERENA...
    VENHA ESPIAR EM "GAM DOLLS (2)" (QUE LINDEZA!) A MINHA NOVA POSTAGEM.
    FICAREI FELIZ COM TUA SIMPÁTICA VISITINHA E COMENTÁRIO.
    ABRAÇÃO PRA VOCÊ! :)

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